De pequeno se torce o pepino.
Essa expressão é do vocabulário da minha avó e nunca soube sua origem. Mas ilustra meu ponto.
Pro bem ou pro mal, como diria meu amigo baiano Breno, certos mecanismos de controle social e a própria mídia vão incutindo conceitos e idéias no nosso cérebro na construção da tal "consciência coletiva". Muitos preconceitos se alimentam disso.
Desde moleques, vamos sendo bombardeados de mensagens subliminares incitando o ódio aos argentinos. Isso acaba gerando uma antipatia gratuita e infundada pela nação hermana que acaba transcendendo a rivalidade do bate-bola no gramado.
Mas e o porque disso? Arriscaria um palpite que a origem pode ter sido pelo menos em parte, por puro despeito de uma ou outra parte, ou de ambas, causado pelo olho gordo na situação econômica do vizinho. A tendência à mesquinharia de invejar o padrão de vida alheio parece ser forte em ambas as culturas.
Receita para a rivalidade
Temos mais território, e mais população. E como temos população! Enquanto você lê isso, muitos brasileirinhos estão sendo feitos por todo o Brasil. Ou você acha que os motéis não tem um bom movimento em horário comercial? Mesmo assim, até meados da década de 70 a Argentina foi o pais mais poderoso e influente da América do Sul. Não é de graça que os americanos de meia-idade insistem em citar Buenos Aires como capital do Brasil quando perguntados.
Graças a uma eficiente política educacional, ítem comum a Chile e Uruguai, os argentinos eram mais cultos e desenvolvidos. No início da década de 70 a renda per-capita argentina era no mínimo três vezes maior que a nossa. Vivendo em cidades limpas, bonitas, e com um alto grau de consciência da importância da preservação de sua história, cultura e arquitetura, os argentinos sentiam-se orgulhosamente como os europeus da América do Sul. No sentido de país com melhor padrão de vida. Esse sentimento era e é (se bem que hoje está mais pra ressentimento) mais forte entre os "porteños", como são chamados os habitantes de Buenos Aires. Cidade que ainda hoje guarda ares de Madrid. Esse orgulho pode ter sido confundido com empáfia. Isso incomodava? Seria a inveja o estopim causador da antipatia aos argentinos? Ou seria estes estopim o desconforto dos brasileiros com a soberba gerada pelo excessivo orgulho argentino?
Porém após sucessivas crises, a Argentina foi empobrecendo. Hoje, por mais que ainda sub-desenvolvidos, estamos sim, numa situação mais confortável que a Argentina. E não dizem que "quem foi rei nunca perde a majestade"? Incomodaria aos argentinos enfrentar a realidade de assistir ao vizinho ex-pobre, e, pecado dos pecados: "burro"; te-los ultrapassado em quase todos os campos do desenvolvimento? Isso deve doer. Eu melhor que ninguem entendo bem essa dor e amargo uma certa frustração quando relembro o padrão de vida que já tive no passado. Mas sem trocadilho inspirado na Copa: Bola pra frente!
Continuando, somada a rivalidade esportiva cultivada nas ultimas décadas, criou-se um "ranço" entre os dois países que precisa ser trabalhado pelas próximas gerações. A Argentina historicamente sempre foi nossa aliada mesmo em episódios canhestros, e movidos por interesses excusos, como a surra dada no Paraguai do Solano Lopéz só pra atender os interesses econômicos britânicos. Que me perdoe meu cunhado que é inglês, mas dizimar metade da população masculina econômicamente ativa de um país apenas para manter seu poderio econômico na região é quase um genocídio. E Argentina e Uruguai dividem com o Brasil essa vergonha. E ainda como maiores mercados consumidores e potências industriais da América do Sul, a cooperação bi-nacional deveria ser um caminho natural. O Mercosul foi um avanço no campo econômico. Mas uma maior união e a exploração do conceito de fraternidade e latinidade só nos faria bem.
Amo Buenos Aires, seus "boulevards" e seus cafés, seu povo boêmio e bem-educado. Lá o mais humilde taxista consegue desenvolver qualquer assunto com inteligência e coerência maior do que a encontrada na elite da maioria das cidades brasileiras. Essa foi pra bom entendedor. Mas se você é mal-entendedor, sim, estou falando de Paranaguá. E posso falar, porque sou daqui.
Apesar disso, arraigado lá no meu subconsciente, o preconceito falou mais forte. Eu sempre torço, involuntariamente, por qualquer país que jogue contra a Argentina. Assim como a maioria dos brasileiros. Uma unanimidade. E como dizem, toda unanimidade é burra.
E você, qual sua maior alegria? Ver o Brasil ganhar ou a Argentina perder ?
Pro bem ou pro mal, como diria meu amigo baiano Breno, certos mecanismos de controle social e a própria mídia vão incutindo conceitos e idéias no nosso cérebro na construção da tal "consciência coletiva". Muitos preconceitos se alimentam disso.
Desde moleques, vamos sendo bombardeados de mensagens subliminares incitando o ódio aos argentinos. Isso acaba gerando uma antipatia gratuita e infundada pela nação hermana que acaba transcendendo a rivalidade do bate-bola no gramado.
Mas e o porque disso? Arriscaria um palpite que a origem pode ter sido pelo menos em parte, por puro despeito de uma ou outra parte, ou de ambas, causado pelo olho gordo na situação econômica do vizinho. A tendência à mesquinharia de invejar o padrão de vida alheio parece ser forte em ambas as culturas.
Receita para a rivalidade
Temos mais território, e mais população. E como temos população! Enquanto você lê isso, muitos brasileirinhos estão sendo feitos por todo o Brasil. Ou você acha que os motéis não tem um bom movimento em horário comercial? Mesmo assim, até meados da década de 70 a Argentina foi o pais mais poderoso e influente da América do Sul. Não é de graça que os americanos de meia-idade insistem em citar Buenos Aires como capital do Brasil quando perguntados.
Graças a uma eficiente política educacional, ítem comum a Chile e Uruguai, os argentinos eram mais cultos e desenvolvidos. No início da década de 70 a renda per-capita argentina era no mínimo três vezes maior que a nossa. Vivendo em cidades limpas, bonitas, e com um alto grau de consciência da importância da preservação de sua história, cultura e arquitetura, os argentinos sentiam-se orgulhosamente como os europeus da América do Sul. No sentido de país com melhor padrão de vida. Esse sentimento era e é (se bem que hoje está mais pra ressentimento) mais forte entre os "porteños", como são chamados os habitantes de Buenos Aires. Cidade que ainda hoje guarda ares de Madrid. Esse orgulho pode ter sido confundido com empáfia. Isso incomodava? Seria a inveja o estopim causador da antipatia aos argentinos? Ou seria estes estopim o desconforto dos brasileiros com a soberba gerada pelo excessivo orgulho argentino?
Porém após sucessivas crises, a Argentina foi empobrecendo. Hoje, por mais que ainda sub-desenvolvidos, estamos sim, numa situação mais confortável que a Argentina. E não dizem que "quem foi rei nunca perde a majestade"? Incomodaria aos argentinos enfrentar a realidade de assistir ao vizinho ex-pobre, e, pecado dos pecados: "burro"; te-los ultrapassado em quase todos os campos do desenvolvimento? Isso deve doer. Eu melhor que ninguem entendo bem essa dor e amargo uma certa frustração quando relembro o padrão de vida que já tive no passado. Mas sem trocadilho inspirado na Copa: Bola pra frente!
Continuando, somada a rivalidade esportiva cultivada nas ultimas décadas, criou-se um "ranço" entre os dois países que precisa ser trabalhado pelas próximas gerações. A Argentina historicamente sempre foi nossa aliada mesmo em episódios canhestros, e movidos por interesses excusos, como a surra dada no Paraguai do Solano Lopéz só pra atender os interesses econômicos britânicos. Que me perdoe meu cunhado que é inglês, mas dizimar metade da população masculina econômicamente ativa de um país apenas para manter seu poderio econômico na região é quase um genocídio. E Argentina e Uruguai dividem com o Brasil essa vergonha. E ainda como maiores mercados consumidores e potências industriais da América do Sul, a cooperação bi-nacional deveria ser um caminho natural. O Mercosul foi um avanço no campo econômico. Mas uma maior união e a exploração do conceito de fraternidade e latinidade só nos faria bem.
Amo Buenos Aires, seus "boulevards" e seus cafés, seu povo boêmio e bem-educado. Lá o mais humilde taxista consegue desenvolver qualquer assunto com inteligência e coerência maior do que a encontrada na elite da maioria das cidades brasileiras. Essa foi pra bom entendedor. Mas se você é mal-entendedor, sim, estou falando de Paranaguá. E posso falar, porque sou daqui.
Apesar disso, arraigado lá no meu subconsciente, o preconceito falou mais forte. Eu sempre torço, involuntariamente, por qualquer país que jogue contra a Argentina. Assim como a maioria dos brasileiros. Uma unanimidade. E como dizem, toda unanimidade é burra.
E você, qual sua maior alegria? Ver o Brasil ganhar ou a Argentina perder ?
2 Comments:
Bacana seu blog, Junior. Os textos tb são bem legais.. Parabéns!
Parabéns!!! Vc é um arquiteto das palavras...e faz isso muito bem!!!
Sucesso!
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