Vou roubar aquela boneca!
Quando voltei a Paranaguá, mais como filho pródigo do que filho prodígio, não estava familiarizado ainda com os loucos e malucos locais. E eles são tantos, que quando cheguei nem me notaram. Afinal, um louco mais, um maluco a menos...
Temos também outros malucos: os "beleza". Ô cidade pra ter maconheiro! Nada contra a maconha. Sem hipocrisia. Sou brasileiro, saudável, normal e já fumei. Mas não é a minha. Não me incomoda nem a erva e nem quem a fuma. E digo mais: sou dos que nem a consideram droga. Antes que alguém diga que o simples fato de não ser contra já me torna um ser a favor, ou que estou fazendo apologia ou qualquer merda destas:
- Não! Não recomendo. Consigo imaginar maneiras melhores de ocupar o meu tempo ocioso e a cabeça. Mas estou falando por mim.
Na verdade o que incomoda é papo de maconheiro. Meu caneco! Será que eles não tem outro assunto do que a erva? Quem já não viu aquela cena, deles reunidos fumando, e, sabe Deus como, conseguindo conversar por horas sobre o mesmo assunto. A maconha. Se é boa ou não é, se é melhor que a que fumaram antes ou não é, e por ai vai.
Valha-me! Imagine se quem se reune pra tomar umas cervas perdesse tempo conversando sobre lúpulo, cevada, malte e a cor da garrafa. Que porre ! Ou ir a uma caranguejada e passar a tarde falando sobre as diferentes cores da carapaça, e discutindo acaloradamente sobre quantas patas o caranguejo tem. Assim como o caranguejo, esse papo não tem como ir pra frente.
Se você fuma e está se sentindo ofendido pelo meu texto, relaxa. Você pode ser a exceção que confirma a regra.
E tem mais. Boa parte dos que fumam, nem curtem, só o fazem pela glamourização do ato. É tanta repressão, controle social e preconceito em cima da coisa. E sabe como é cabeça de adolescente. Querendo se auto-afirmar, destacar-se na multidão, sentir-se fazendo a diferença. Só esperando um grupo pra entrar. Haaaaa ... e ele se sente "o cara" fazendo algo discriminado, recriminado, e criminalizado. Ele é "o bom" porque fuma. Grande merda que ele faz!
Se liberassem logo essa "droga", em todos os sentidos, acabou. Perderia todo o glamour e o interesse dos que a usam para auto-afirmação ou chamar a atenção da família e da sociedade. E de quebra acabaria com uma das fontes de renda dos traficantes. Só ia fumar mesmo quem gostasse da coisa, mas seria escolha deles.
A grande preocupação mesmo são as que causam dependência química. Cocaína e crack estão destruindo lares, famílias e relacionamentos e aumentando a criminalidade em nossa cidade. Mas isso já é outra história.
Tô divagando. Minha inspiração pra este texto foi a louca da boneca.
Logo que cheguei aqui, um belo dia, ela cruzou comigo numa esquina (não como cruzam cachorro e cadela é claro, só pra esclarecer!) e me seguiu por todo o centro da cidade. Como eu apenas via que alguem me seguia, não prestei atenção, nem encarei. Com o canto dos olhos achei que era uma mulher com uma criança no colo. Pirei. Achei que podia ser uma candanga que me confundira com o pai do filho dela que a abandonara anos atras fugindo com uma loira que trabalhava num circo. Ou seja, na minha cabeça, já se passou um filme, como diria meu camarada Valmir.
Ela me seguiu das proximidades do Hospital da Santa Casa até a Panificadora Pão e Vinho, e pior, ficou parada do lado de fora me encarando, enquanto eu, fingindo que não a via, tomava forçadamente o café que pedira. Que era louca eu já sabia. Que era inofensiva, isso não. A última coisa que eu queria naquele momento era uma doida fazendo escândalo em público exigindo que eu assumisse um filho.
Se tivesse ao menos olhado pra ela antes, ja teria me tranquilizado. Tava na cara que não passava de uma mendiga. Na padaria me contaram a lenda que corre, sobre ela ser uma mãe que matara ou perdera um bebê, e que passa seus dias andando com aquela boneca pelas ruas mendigando. Cá entre nós, a ultima vez que a vi a boneca estava muito bem tratada, já ela, os mesmos trapos de sempre.
Me pergunto o que há de lenda e de verdade nessa história. O fato é que ela é chata pra cacete quando entra em locais públicos e faz aquela gritaria que já presenciei algumas vezes. Hoje mesmo, na panificadora "O Gato que Ri", entrou ela aos berros. pra ser logo enxotada pela Dona Ângela, com aquela gentileza que lhe é peculiar.
Se você está curioso sobre porque vivo em panificadoras: é que sou doido também por café. Especialmente aquele forte, espesso, fumegante e aromático que só encontro em padarias.
Voltando ao assunto, já estou de saco cheio dessa doida. Qualquer dia, darei eu um susto nela. Agarro a boneca e corro com ela. Portanto, se num dos próximos dias você me vir correndo com uma louca atrás. Já saberá as duas coisas que aconteceram.
Uma é que roubei a boneca da louca. A outra é que enlouqueci de vez.
Temos também outros malucos: os "beleza". Ô cidade pra ter maconheiro! Nada contra a maconha. Sem hipocrisia. Sou brasileiro, saudável, normal e já fumei. Mas não é a minha. Não me incomoda nem a erva e nem quem a fuma. E digo mais: sou dos que nem a consideram droga. Antes que alguém diga que o simples fato de não ser contra já me torna um ser a favor, ou que estou fazendo apologia ou qualquer merda destas:
- Não! Não recomendo. Consigo imaginar maneiras melhores de ocupar o meu tempo ocioso e a cabeça. Mas estou falando por mim.
Na verdade o que incomoda é papo de maconheiro. Meu caneco! Será que eles não tem outro assunto do que a erva? Quem já não viu aquela cena, deles reunidos fumando, e, sabe Deus como, conseguindo conversar por horas sobre o mesmo assunto. A maconha. Se é boa ou não é, se é melhor que a que fumaram antes ou não é, e por ai vai.
Valha-me! Imagine se quem se reune pra tomar umas cervas perdesse tempo conversando sobre lúpulo, cevada, malte e a cor da garrafa. Que porre ! Ou ir a uma caranguejada e passar a tarde falando sobre as diferentes cores da carapaça, e discutindo acaloradamente sobre quantas patas o caranguejo tem. Assim como o caranguejo, esse papo não tem como ir pra frente.
Se você fuma e está se sentindo ofendido pelo meu texto, relaxa. Você pode ser a exceção que confirma a regra.
E tem mais. Boa parte dos que fumam, nem curtem, só o fazem pela glamourização do ato. É tanta repressão, controle social e preconceito em cima da coisa. E sabe como é cabeça de adolescente. Querendo se auto-afirmar, destacar-se na multidão, sentir-se fazendo a diferença. Só esperando um grupo pra entrar. Haaaaa ... e ele se sente "o cara" fazendo algo discriminado, recriminado, e criminalizado. Ele é "o bom" porque fuma. Grande merda que ele faz!
Se liberassem logo essa "droga", em todos os sentidos, acabou. Perderia todo o glamour e o interesse dos que a usam para auto-afirmação ou chamar a atenção da família e da sociedade. E de quebra acabaria com uma das fontes de renda dos traficantes. Só ia fumar mesmo quem gostasse da coisa, mas seria escolha deles.
A grande preocupação mesmo são as que causam dependência química. Cocaína e crack estão destruindo lares, famílias e relacionamentos e aumentando a criminalidade em nossa cidade. Mas isso já é outra história.
Tô divagando. Minha inspiração pra este texto foi a louca da boneca.

Ela me seguiu das proximidades do Hospital da Santa Casa até a Panificadora Pão e Vinho, e pior, ficou parada do lado de fora me encarando, enquanto eu, fingindo que não a via, tomava forçadamente o café que pedira. Que era louca eu já sabia. Que era inofensiva, isso não. A última coisa que eu queria naquele momento era uma doida fazendo escândalo em público exigindo que eu assumisse um filho.
Se tivesse ao menos olhado pra ela antes, ja teria me tranquilizado. Tava na cara que não passava de uma mendiga. Na padaria me contaram a lenda que corre, sobre ela ser uma mãe que matara ou perdera um bebê, e que passa seus dias andando com aquela boneca pelas ruas mendigando. Cá entre nós, a ultima vez que a vi a boneca estava muito bem tratada, já ela, os mesmos trapos de sempre.

Se você está curioso sobre porque vivo em panificadoras: é que sou doido também por café. Especialmente aquele forte, espesso, fumegante e aromático que só encontro em padarias.
Voltando ao assunto, já estou de saco cheio dessa doida. Qualquer dia, darei eu um susto nela. Agarro a boneca e corro com ela. Portanto, se num dos próximos dias você me vir correndo com uma louca atrás. Já saberá as duas coisas que aconteceram.
Uma é que roubei a boneca da louca. A outra é que enlouqueci de vez.
1 Comments:
Hehe,é...
Estamos tão acostumados a presenciar estes tais"malucos"fumando maconha nas ruas da cidade,e, principalmente ali na Praça"29 de Julho" que isto nem nos chama tanta atenção.
E que a cidade esta cheia de loucos,isso ninguém duvida,quem é que nunca viu ou ouvir falar da "Jora Louca"?
Agora se você chegar um dia a roubar aquela boneca e sair correndo com ela nos braços e a maluca da mãe da boneca correr atrás de você será a maior loucura de todas!Afinal cometer tamanha loucura não é pra qualquer louco.
Postar um comentário
<< Home